"Todas as letras têm a ver comigo", diz a cantora
Vitor Ferri
vferri@redegazeta.com.br
Quem acompanhou o nascimento artístico da cantora Wanessa, no final dos anos 1990, deve se lembrar da linha diva que a cantora adorava interpretar. Dez anos de passaram: a artista amadureceu, se casou, parou de assinar Camargo (talvez até para desvencilhar da carga sertaneja que o sobrenome carrega) e mudou completamente o estilo musical. Agora, acompanhando uma tendência atual, Wanessa quer fazer todo mundo dançar com o lançamento de seu oitavo trabalho, "DNA".
"Todas as letras têm a ver comigo. Tentei imprimir minha personalidade, dúvidas, emoções... A letra da faixa ?DNA?, por exemplo, fala sobre julgamento. Eu acredito que a gente nasce e vive buscando o próprio DNA. Como ser humano, estou em busca de muitas coisas (risos). Como artista, essa é minha sonoridade, minha impressão digital", revela em entrevista ao C2.
A guinada musical é perceptível em praticamente todas as faixas. Aqui, saem as melodias suaves que marcaram seu início de carreira para dar lugar ao up beat fervente, tradicionais das pistas de dança. Todas as letras, em inglês, também atestam a nova vertente musical. "Tentei colocar letras em português, mas não deu certo", entrega.
Parceria
Grande parte dessa atualização do som de Wanessa deve-se à parceria com o produtor Mr. Jam. "Eu já vinha pensando no que queria fazer de novo, quando ele me mandou a música ?Falling For U?. Adorei. Percebi que o produtor do álbum tinha que ser o Mr. Jam, pelo estilo que ele imprimia às suas músicas, que era como eu gostaria que fosse. Foi um casamento profissional perfeito. Ele consegue tirar o melhor de mim, me estimular", conta Wanessa.
Mesmo grávida, a cantora vai trazer a turnê "DNA" para Vitória, no próximo dia 18, na boate Royal Club, na Praia do Canto. "Em Vitória eu tinha que ir, né? (risos). O show é basicamente focado nesse disco, mas canto algumas faixas antigas, em nova roupagem", antecipa ela, comentando também a nova fatia de público que ela conquistou depois da mudança sonora.
"Desde o início, eu fui lançada como artista teen. Então, tenho aqueles adolescentes que cresceram comigo e ainda curtem o som. Mas ainda tenho fãs crianças. O público gay, com certeza, aumentou muito por causa da mudança sonora. Acho que triplicou. Quem não gostava, agora curte também", afirma.
Análise
Atrás da batida perfeita
O disco abre com a dançante "DNA", com refrão pegajoso. Depois, surge "Stuck On Repeat", que recebeu elogios do jornal New York Post, classificando-a como "a música dance mais poderosa dos últimos tempos". Não é para tanto. "Worth It" já está estourada. "Sticky Dough", com a (desconhecida) rapper Bam Bam tem elementos de funk, mas é descartável. Deve ser o próximo single. "Blow Me Away" é bem latina, com violão de Sérgio Knust. No início, o disco é cheio de batidas contagiantes. Na parte final, no entanto, Wanessa volta ao som romântico. Destaque para "It's Over". É onde ela exercita o melhor de sua voz.
Wanessa
Gravadora: Sony Music. 15 faixas (2 remixes). Preço médio: R$ 24,90
Confira a íntegra da entrevista de Wanessa Camargo
Quanto tempo durou a produção do álbum e escolha de repertório?
Já tem um ano que venho ouvindo essas músicas. Começou quando o produtor Mr. Jam me mandou a música "Falling For U" para eu gravar. Me apaixonei rapidamente pela canção. Então, logo teve uma afinidade óbvia entre o que eu pensava para o meu trabalho e o que ele já fazia na produção.
E ele influenciou a mudança de sonoridade também?
Eu vinha pensando no que queria fazer de novo. Então, fomos atrás de um estilo pop, mais dançante, mas que tivesse o meu jeito. Ele fez outras três faixas, incluindo "Worth It" e elas começaram a me ajudar a pincelar o novo CD. Obviamente, sabia que o produtor do álbum tinha que ser Mr. Jam, pelo estilo que ele imprimia nas músicas, como eu gostaria mesmo. As outras músicas foram chegando e o disco foi nascendo. Depois, foi apenas ir "linkando" com as mensagens que queria passar.
E quais são essas mensagens?
Como som e arranjo, queria primeiro trazer coisas novas para minha carreira, fazer misturas, pincelando com sonoridade brasileira, como violões, mais acrescentando o eletrônico e o pop. O disco ficou extremamente dançante, para a pista mesmo. Mas tem aquele momento para ficar trancada dentro do quarto chorando sozinha.
E quanto às letras e o título do disco, "DNA"?
Todas as letras têm a ver comigo. Tentei imprimir minha personalidade, minhas dúvidas, emoções... Tem uma historinha ali. A letra da faixa "DNA", por exemplo, fala sobre julgamento e essa predestinação desde criança. Mas tem o momento da firmação sexual da mulher e também, claro, o amor. Minha vida pessoal se mistrua com o trabalho, não tem jeito Enfim, é a busca da minha identidade sonora.
Com "DNA" você acha, então, que já conseguiu chegar a essa nova identidade?
Eu acredito que a gente nasce e vive buscando o próprio DNA, em sua pureza. A gente é feito de vários personalidades diferentes. Todos têm o diabinho e o anjinho dentro da gente. Precisamos só alimentar e dar razão àquele que realmente nos mostra quem somos. Temos que nos desprender dos tótulos e descobrirmos quem realmente somos. Como ser humano, estou em busca de muitas coisas (risos). Como artista, essa é minha sonoridade, minha impressão digital, como cantora e artista.
A parceria com o produtor Mr. Jam ajudou a você se encontrar musicalmente falando?
Ele me mostrou algumas músicas que já tinha trabalhado e nem imaginava que era ele quem tinha produzido aquilo tudo, sabe? Então, minha parceria com ele foi um casamento profissional perfeito. Ele consegue tirar o melhor de mim, me estimular. Ele é aberto a coisas novas e isso é legal em produtores. Alguns com quem já trabalhei eu não conseguia imprimir minha visão. O trabalho com Mr. Jam fluiu bem. Estou numa fase em que não quero fazer nada que não gosto e não me sinta a vontade. É preciso ter verdade com o que se faz para dar certo.
A opção em cantar em inglês é por causa do novo estilo musical?
Sim, foi pela sonoridade. O estilo de música pede músicas em inglês. Tentei cantar em português, mas não ficou legal. Mas adoro cantar em português, é prazeroso.
Cantar em inglês significa alguma pretensão em fazer carreira internacional?
Adoraria, mas estou focada totalmente no Brasil. Estou com a agenda lotada de shows como nuca tive antes, em toda minha carreira. Desde que comecei com esse novo material não parei mais. Nem em casamento de amigos estou conseguindo ir... (risos). O Brasil tem espaço suficente para esse mercado.
Você vai fazer um show dessa turnês aqui no Estado. Como vai ser?
Em Vitória eu tinha que ir, né? (risos). Vou tocar na Royal. O show é basicamente focado nesse disco, mas canto algumas faixas antigas, em nova roupagem e tal.
Você tem feito muitos shows em boates...
Antes, eu tinha medo de fazer shows em locais menores por causa de erros, o público fica muito mais perto e percebe tudo. Mas, confesso, foi um grande aprendizado. Às vezes, estou num lugar, sinto a energia e até mudo o repertório, na hora.
E quanto aos shows em boates LGBT? É um novo público na sua carreira?
Desde o início, eu fui lançada como artista teen. Então, tenho aqueles adolescentes que cresceram comigo e ainda curtem o som. Mas tem muiotas crianças. O público gay, com certeza, aumentou muito por causa da mudança sonora. Acho que triplicou. Quem não gostava, agora curte.
Vai ter DVD dessa turnê? Por causa da gravidez, segue fazendo shows até quando?
Estavámos pensando num DVD, mas aí veio a gravidez, correria... Então, decidimos adiar. Até novembro vou continuar trabalhando normalmente. Estou com saúde, graças a Deus, então vai dar para fazer os shows. A vibe vai permancer, mesmo eu com um barrigão. Em dezembro, o bebê deve nascer. Depois, eu paro para descansar.
Aliás, como está a gravidez?
Ai, está ótima. Estou naquela fase em que a circunferência do corpo está aumentando (risos). Aqueles primeiros meses mais chatos, de enjoos, já passaram. Estou na expectativa. Essa fase é essencial. Os hormônios estão tudo em ebulição. Mas estou levando uma vida boa, com saúde, tudo com calma.
E vai seguir fazendo shows e divulgando o novo disco?
Graças a Deus estou com uma saúde forte e vai dar para manter um ritmo bom de trabalho, um que sempre gostaria de ter e agora, mesmo com a gravidez, estou conseguindo levar. Tento levar uma vida normal, mas com alguns limites, claro. Vou tentar fazer meus shows até novembro, já que em dezembro o bebê pode nascer.
Marcus Buaiz esteve aqui em Vitória acompanhando as gravações do filme "Open Road", com astros de Hollywood. Ele comentou algo com você?
Quando o conheci ele já tinha uma grande versatilidade profissional, fazia festivais, tinhas as casas noturnas e já participava de produção de filmes. Ele sempre foi apaixonado por Vitória. Vocês têm um filho que se importa, diferente de alguns artistas que saem de suas cidades e perdem essa ligação.
Ela parecia bem feliz, né?
O que mais deixou o Marcus feliz foi poder levar os astros de Hollywood para Vitória, mais até do que simplesmente produzir o filme. Eu via brilho nos olhos dele. Sei o quanto ele lutou para conseguir trazer os atores e levá-los para Vitória. Ficou superfeliz em poder gravar na própria casa.
Fonte: Gazeta Online
Créditos: Wanessa Pop
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